segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A verdade sobre a Mesa de Negociação


No dia 23 de setembro de 2011, aconteceu a segunda Mesa de Negociação, cuja finalidade era discutir a metodologia das Negociações e os critérios (ANEXO) postos pelo Coletivo de Ocupação para a execução das Mesas seguintes visando à agilidade dos acordos da Pauta de reinvindicações. A Reunião, por decisão da Reitoria, ocorreu na PROGEP sem a presença do Grupo de Apoio da Representação Discente e de forma fechada, desconsiderando, pois, a nossa solicitação da abertura das Negociações para a sociedade, o que revela um ataque ao real sentido de uma democracia republicana ao não tratar a coisa pública, no caso, a Educação Pública, de modo transparente. A vocação democrática alegada pela Reitoria apenas se efetivará quando a mesma reconhecer que Democracia não se faz dentro de gabinetes através do autoritarismo do poder institucional, mas sim, a partir da participação popular. Só assim a UFRB será verdadeiramente uma Universidade construída pelo povo e para o povo.
Dados os constantes ataques ao Coletivo de Ocupação, fora necessário iniciar a Mesa tratando dos mesmos. Expusemos a gravidade do lamentável acontecimento da noite de quinta-feira (22/09), na qual um estudante, em ato do movimento anti-paralisação, deferiu um tiro em direção aos estudantes ocupados na Reitoria. Levando em consideração o histórico dos movimentos contra a paralisação, compreendemos que o tiro em questão não é um fato isolado, fruto do acaso e sem nenhuma relação com outros fatos e posturas ideológicas. O lamentável acontecimento está circunscrito em um contexto de frequente criminalização do Movimento de Paralisação e de discursos que incitam o ódio para com os estudantes em ocupação.
Em momento algum publicamos manifestações contrárias à ideologia dos movimentos contrários à paralisação, basta verificar nosso blog oficial e, em contrapartida, a todo o momento o que presenciamos são textos e notas publicados em blogs (vide o blog do Movimento em Defesa da UFRB) e divulgados na lista oficial de e-mails da UFRB, com conteúdos do tipo “Uma minoria raivosa e imatura estrangulou seu próprio movimento e, de maneira irresponsável, criou um impasse que não interessa a absolutamente ninguém.” (...) “é chegada a hora de reagirmos em defesa da instituição, que, com toda certeza, terá uma vida muito mais longa que a de qualquer um de nós”. De qual lado parte, portanto, a investida de fragmentar os estudantes da UFRB?
Prosseguimos a Mesa com a intenção de contemplar os pontos básicos para a manutenção das Negociações, colocando inicialmente em discussão o funcionamento pleno da PROPAAE. A Comissão instaurada pela Reitoria não mostrou flexibilidade para a discussão do ponto e, em quase seis horas de reunião, não conseguimos ir muito além do impasse.
Defendemos o funcionamento pleno da PROPAAE (atualmente estagnada por decisão da Administração, tendo em vista que não ocupamos esta pró-reitoria e deliberamos pelo seu funcionamento durante a Paralisação) enquanto condição sine qua non para a continuidade das Negociações, porque não se trata de um ponto negociável, mas sim do fato de que vários estudantes dependem do auxilio da PROPAAE para a sua própria manutenção material.
A contraproposta da Reitoria, fora a da liberação plena de mais duas pró-reitorias, a PROAD e a PROPLAN, para que a PROPAAE voltasse ao seu funcionamento. Isso significa tornar a ocupação simbólica, o que descaracterizaria o movimento, posto que não garante que a reitoria venha a tratar o movimento com seriedade e se disponha a discutir os problemas desta com a comunidade discente. Defendemos o funcionamento da PROPAAE, pois partimos do pressuposto de que a Universidade Pública deve prezar primeiramente por seu público, estudantes oriundos das classes populares, e assim garantir que a alimentação e a moradia desses estudantes não sejam usadas como moeda de troca.
E é por lutar por uma Universidade Popular digna e de qualidade, que respeita os sujeitos que a constitui que apresentamos à Mesa a seguinte proposta: se, imediatamente, a Reitoria liberar os pagamentos dos auxílios PPQ (auxílios da PROPAAE) daremos início à desocupação gradual e pontual dos setores administrativos da UFRB à medida que a negociação avance. Proposta que revela a flexibilidade do nosso movimento ao compreender o verdadeiro exercício democrático.
A Mesa fora encerrada com a referida proposta. Esperamos que a Reitoria cumpra o acordo e que os demais pontos básicos para as Negociações sejam atendidos. Desejamos a Negociação da nossa Pauta o mais breve possível, mas, para tanto, precisamos assegurar as mínimas condições de permanência.
Apesar de todos os ataques e da postura autoritária por parte da Reitoria, seguimos resistindo e lutando com autonomia e confiança na causa, que não é nossa, mas de toda a sociedade: POR UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA E DE QUALIDADE.

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